Perdoe-me

São tantos passos deixados na estrada dos desejos,
Que hoje debruçado na sua ausência,
Esse vazio que me cobras,
Pudesse eu levar a ti, meu calor!
Pudesse eu ouvir esse querer abandonado,
Pela alma insensível que me cabe,
Desejar roçar seu corpo
Nesse frio d'alma,
Nessa noite,
A força que me cabe,
O sol que desejas,
O calor do meu corpo,
Essa medida de saudade
No aconchego de sua existência,
Dizer-te a imensa falta que faz.
Porém,
No deserto do meu eu,
Já sem alma,
Nessa noite sem lua,
Nessa terra sem fim,
Por maior que seja meu amor,
Por mais força que exista em minh’alma,
O meu desespero seja tão largo assim,
Nenhuma ausência é mais profunda,
É sentida por uma eternidade que a tua!
Perdoe-me por essa saudade que sinto agora,
Sem medida,
Contido na alma sem poder preenchê-la
E só poder dizer-te da falta que me faz!
Mas essa dor que se aquieta agora,
Transforma esse silêncio na espera mais ilustre
Pelos baços da vida de um dia poder encontrá-la.
E assim,
Murmurar bem baixinho
A saudade que me cabe essa paixão voraz,
E, num abraço imenso,
Aquecer-te com o calor de minh'alma
Como o sol que desejas agora!

Mário A. da Silva

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